Roland Barthes, em A Câmara Clara*, propõe os conceitos de punctum e studium para nomear os elementos que estariam presentes na nossa relação com a fotografia. Segundo o autor, os saberes e as informações prévias, aquilo que depende da cultura na "aventura" fotográfica (aventura de relacionar-se com a imagem) é studium.
Punctum, por sua vez, é o elemento que quebra o studium. É o que sai da imagem como uma flecha para atingir em cheio o espectador, furando-o, pungindo-o. Mais que um ponto de contato, é uma ferida aberta pela imagem.
As sessões do Cineclube Müller-Granzotto no ano de 2010 foram seguidas de intensas discussões. A técnica cinematográfica, os temas e suas abordagens, as informações e a inserção do filme na cultura acabavam por dar lugar a um compartilhamento dessas feridas. Ao dizer o que nos punge num filme, acabamos por nos mostrar, revelar desejos, colocar-nos em relação. A relação com o filme nos fere e, ao mesmo tempo (e talvez por isso), amplia a área de contato com o que nos cerca, expõe-nos ao mundo, amplia nossas formas, cria um espaço de entrega, uma aventura afetiva.
Voltaremos em março.
Esperamos você nas nossas próximas sessões.
* BARTHES, Roland. A Câmara Clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
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