29/05/2011

Uruguai e o cinema




O cinema argentino já nos conquistou há tempos. A extensa e brilhante produção de Juan José Campanella (geralmente em dobradinha com Ricardo Darín, o ator de 9 entre 10 filmes argentinos) - O Filho da Noiva, Clube da Lua, O Mesmo Amor a Mesma Chuva e O Segredo de seus Olhos - faz muito sucesso em terras brasileiras. Além das obras de Campanella, outras produções argentinas tiveram bastante êxito por aqui: Nove Rainhas (de Fabián Bielinsky), Valentin (de Alejandro Agresti) e Pântano (de Lucrecia Martel) - que parece ter inspirado Feliz Natal, filme brasileiro dirigido pelo ator Selton Mello.

Que a produção cinematrográfica dos hermanos, nossos eternos rivais no futebol, é extensa não há dúvida. Em tempo: em setembro de 2010 aconteceu na UFSC uma Mostra de Cinema Argentino.
E o que falar sobre a produção cinematrográfica dos nossos vizinhos uruguaios?

Dizem as boas línguas que Montevidéu é a cidade sul-americana com maior número de cineclubes. Uma caminhada rápida pela Avenida 18 de Julio, na capital uruguaia, deixa claro que os hermanos de lá, também muito bons no futebol, gostam muito de cinema.
Sobre as produções (ou co-produções) uruguaias, chegaram às telonas brasileiras e ao grande público, Whisky (de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll), Gigante (de Adrián Biniez), recentemente exibidos no Paradigma Cine Arte - Florianópolis, e também O Banheiro do Papa (de César Charlone e Enrique Fernández) e Mau Dia para Pescar (de Álvaro Brechner), sucesso no último
FAM - Florianópolis Audiovisual Mercosul.
Menos conhecido por aqui é o belíssimo Viagem até o Mar (El viaje hacia el mar), longa-metragem de estreia de Guillermo Casanova, diretor uruguaio.
"[A] história de um lixeiro, um vendedor de bilhetes de loteria, um coveiro e um capataz, no ocaso da vida e/ou de qualquer tipo de ambição, que aceitam o convite de um amigo, dono de um caminhão, para conhecer o litoral.
Ao motorista e seu séquito de desvalidos se juntam um cão e um desconhecido vindo da capital, que passarão pelo interior do Uruguai e, na definição de Casanova, por um país que existia ´antes da miséria econômica e mental´ que o atinge."

Denise Mota para a Folha de São Paulo


Outro "achado" (trocadilho quase cruel com a temática do filme) é Las Manos en la Tierra, de Virginia Martínez, em cartaz na Cinemateca 18, em maio, período em que profissionais do Instituto Müller-Granzotto estiveram no país para o XII Congreso Internacional de Gestalt. O documentário apresenta o trabalho de escavações realizado em terras uruguaias em busca de restos mortais de desaparecidos durante a ditadura militar. É de emudecer. E faz falar.
"Concebido como un thriller arqueológico, el documental reconstruirá la trama del proceso de excavaciones, que marca un antes y un después en la historia del país. Obra que, necesariamente, se interpreta a varias voces, todas imprescindibles, para la elaboración de un relato complejo y aún abierto."
Leia mais em http://www.lasmanosenlatierra.com/

Muito mais que carnes e verduras na parrilla, que o futebol-arte de Forlán (a Copa de 2010 ainda está fresquinha na memória), da escrita cortante (tal como o vento pampero) de Juan Carlos Onetti e Mario Benedetti e das músicas de Jorge Drexler cantaroladas mundo afora, o Uruguai tem cinema - e dos bons!!!

Mais sobre Uruguai e Instituto Müller-Granzotto em Jornal em Contato e no site do Instituto.

2 comentários:

  1. Oi Marcele!
    está muito bom acompanhar o blog do Cineclube,com suas "surpresas", além das divulgações.

    Bjs!
    Diogo

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  2. Que bom, Diogo!
    É vontade de compartilhar...
    "Apareça" sempre - a casa é sua!

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